Me foi dada a difícil tarefa de falar sobre a suplementação de probióticos. É difícil porque depende. Depende da idade, depende do que eu busco, depende de qual microrganismo e por aí vai. Então, decidimos fazer uma série trazendo diferentes facetas (E MICRORGANISMOS) dentro dessa temática.
Então para começar esse assunto, é justo falar de indivíduos saudáveis, certo?
Uma das revisões mais abrangentes, conduzida por Khalesi et al. (2019), avaliou os efeitos da suplementação probiótica em adultos saudáveis.
Embora os probióticos sejam frequentemente promovidos como benéficos para uma ampla gama de condições, os resultados indicam que em indivíduos saudáveis, os benefícios podem ser limitados e, em alguns casos, pouco significativos.
Isso sugere que o hype em torno dos probióticos pode não ser inteiramente justificado. Há evidências de melhora no sistema imunológico, movimentos gastrointestinais, consistência das fezes e concentração de lactobacilos vaginais. No entanto essas mudanças podem não ser persistentes exigindo a manutenção dessa suplementação. Além disso, não houve diferença no perfil lipídico sanguíneo.
A suplementação utilizada pelos estudos foi basicamente do grupo dos Lactobacillus sp, Bacilus sp., Bifidobacterium sp. provenientes de suplementos disponíveis em farmácias ou artigos fermentados como iogurtes.
Estes são os microrganismos mais comuns hoje no mercado e é importante destacar seus nomes. Isso porque, tem entrado nos holofotes dos microrganismos benéficos a Akkermansia municiphila, uma bactéria natural do intestino. Ela está disponível no Brasil na forma de BioMamps, ou seja, a bactéria desintegrada, mantendo os bioativos, seria mais um prebiótico do que probiótico pelo fato de não estar viva. Cultivar essa mocinha não é fácil, pois ela exige ambiente anaeróbico estrito.
A Akkermansia municiphila se tornou o novo hype na prevenção de doenças, como câncer e redução de gordura abdominal. Eu experimentei os BioMamps por um mês e senti uma diferença significativa na redução da inflamação abdominal com redução de medidas e de flatulência. Além disso, a consistência das fezes melhorou e reduziu a diarreia crônica dessa pessoa que tem doença autoimune. Você tem que considerar que o efeito é individual.
A Akkermansia municiphila viva só tem disponível via importação, mas não fiz a aquisição para saber como se comportaria no corpo. Isso porque diversos artigos relatam problemas intestinais por uso inadequado. Como ainda não há um consenso no uso, é melhor manter os Bio Mamps que acabam estimulando o crescimento dessa bactéria naturalmente no seu intestino. Meu resultado foi de longo prazo.
Após três meses de uso por 21 dias, ainda sinto meu intestino saudável. O interessante dessa bactéria é que ela tem sido associada ao aumento da sensibilidade à insulina com possibilidade de reduzir problemas relacionados à obesidade.
Há uma grande relação entre indivíduos saudáveis e obesos, onde a população de Akermansia é maior nos indivíduos saudáveis do que em obesos e aumenta sua população com ingestão de dieta com redução calórica e perda de peso. Isso significa, que no futuro podemos ter uma nova abordagem no tratamento da obesidade.
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Cani PD, Depommier C, Derrien M, Everard A, de Vos WM. Akkermansia muciniphila: paradigm for next-generation beneficial microorganisms. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2022 Oct;19(10):625-637. doi: 10.1038/s41575-022-00631-9. Epub 2022 May 31. Erratum in: Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2022 Oct;19(10):682. doi: 10.1038/s41575-022-00650-6. PMID: 35641786.
Khalesi S, Bellissimo N, Vandelanotte C, Williams S, Stanley D, Irwin C. A review of probiotic supplementation in healthy adults: helpful or hype? Eur J Clin Nutr. 2019 Jan;73(1):24-37. doi: 10.1038/s41430-018-0135-9. Epub 2018 Mar 26. PMID: 29581563.
Zhang T, Li Q, Cheng L, Buch H, Zhang F. Akkermansia muciniphila is a promising probiotic. Microb Biotechnol. 2019 Nov;12(6):1109-1125. doi: 10.1111/1751-7915.13410. Epub 2019 Apr 21. PMID: 31006995; PMCID: PMC6801136.